Josefa, do quilombo de Pedra d’Água, se tornou monitora no projeto Escrilendo em setembro de 2012 quando ainda estava cursando o ensino médio superior.
Maria José, irmã de Josefa, entrou na equipe em abril de 2014.
Poucos meses depois, ambas acessaram à faculdade de pedagogia na Universidade Estadual Vale do Acaraú em Campina Grande.
Foram três anos de grande compromisso e muita garra: todos os sábados as cinco horas da manhã de moto até Serra Redonda, em seguida de ônibus até Campina Grande e mais dois ônibus urbanos para chegar à universidade. A volta à casa as 19.00 horas.
Precisa muita teimosia para subir e descer, quando chove, aquela ladeira lamacenta que leva ao distrito de Pontina, assim como aguentar o calor durante o verão.
Mas as nossas duas heroínas nunca desistiram alcançando assim a importante meta da graduação em pedagogia.
Uma meta importante para elas, para Escrilendo e para a comunidade toda: uma demonstração de como é possível alcançar resultados inesperados quando é oferecida uma oportunidade a quem nunca teve possibilidade nenhuma.
Sábado, 26 de agosto, fui assistir a defesa do TCC; foi um momento mágico, especial, ver as “minhas meninas” apresentar, emocionadas sim, mas com competência o seu trabalho. Trabalho inédito sobre a atividade do projeto Escrilendo nas comunidades quilombolas como instrumento de educação étnico-racial e de recuperação das raízes afro.
Escrilendo não somente proporciona novos conhecimentos as crianças, mas também é um precioso estimulo a formação de novas lideranças nas comunidades.
Tenho a certeza absoluta que as duas novas formadas partilharão o seu conhecimento ajudando os quilombolas de Pedra d’Água a ter sempre mais consciência da sua identidade étnica e dos seus direitos.
Parabéns Josefa e Maria José, mas lembrem se que este é somente o começo de um novo caminho para vocês e para a sua comunidade. Não deixem de sonhar e de continuar a lutar para realizar os seus sonhos.
Para quem não o conhece, o projeto Escrilendo é uma atividade da Associação de apoio as comunidades afrodescendentes – AACADE que atua nas comunidades quilombolas de Pedra d’Água, Matias, Grilo e Matão envolvendo mais de 70 crianças.
Até hoje quatro monitoras conseguiram a graduação em pedagogia: Rosimare, Josefa e Maria José de Pedra d’Água e Rosângela do Matão.
Renata (Matão) está no segundo ano de enfermagem, Andreza (Matão) no primeiro ano de agrologia e Roseane (Grilo) entrou, há três meses, na faculdade de pedagogia. Marília (Matias) concluiu em junho um curso de especialista em tranças e penteados afro.
O projeto Escrilendo é possível graças a ajuda de amigos italianos da Associação Uniti per la vita de Arese (Milão).
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
domingo, 4 de junho de 2017
Atividades do projeto Escrilendo com a coordenadora NISE
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Escrilendo - Matão |
É preciso sair de casa as cinco horas, de alternativo até a Rodoviária, ônibus de Campina Grande até Serra Redonda (45 minutos, quando dá certo) e daí de moto táxi até os quilombos de Matias, ou Pedra d’Água ou Grilo. Mais ou menos entre 20 e 30 minutos na estação seca, bem mais durante a estação das chuvas (se conseguir chegar, o que nem sempre acontece). O mesmo vale para ir ao quilombo Matão, só muda o itinerário.
A tarde o caminho inverso com os mesmos problemas, mas com a satisfação de ter feito um bom trabalho com as crianças e com as monitoras de cada comunidade.
O projeto Escrilendo deve muito ao comprometimento profundo de Ivanise no seu papel de coordenadora e esta é a ocasião propícia para lhe manifestar o nosso profundo agradecimento.
Estrada do quilombo Grilo |
Estrada do quilombo Matias |
Escrilendo Matão
Escrilendo Matias
Entrega dos livros doados pela SM Edições - para assistir ao vídeo clicar na imagem
Escrilendo Grilo
quinta-feira, 20 de abril de 2017
A mala mágica da Fundação SM

As crianças do projeto Escrilendo ficaram curiosas demais e fantasiaram um bocado sobre o possível conteúdo. A abertura da mala revelou o segredo: livros, livros e livros. Uma alegria contagiante pegou todo mundo e foi uma corrida para tomar os volumes, acaricia-los, cheira-los, olha-los, lê-los com amor e cuidado. Uma festa, uma festa de verdade.
O nosso grande agradecimento é para a Fundação SM editora que doou algumas dezenas de livro ao nosso projeto Escrilendo.
No final do encontro as crianças deixaram cair a pergunta fatídica: quando vai chegar a próxima mala?
http://fundacaosmbrasil.org/fundacao/
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